Crer é outra Coisa

04/01/2013 17:39

 

            Estamos vivendo uns tempos em que, cada vez mais, o único modo de poder crer verdadeiramente será, para muitos, aprender a crer de outra maneira. Já o grande convertido John Henry Newman anunciou esta situação quando advertia que uma fé passiva, herdada e não repensada terminaria, entre as pessoas cultas, em “indiferença” e, entre as pessoas simples, em “superstição”. É bom recordar alguns aspectos essenciais da fé.

            A fé é sempre uma experiência pessoal. Não basta crer naquilo que os outros nos pregam a respeito de Deus. Definitivamente, cada um só crê naquilo que ele crê verdadeiramente no fundo de seu coração diante de Deus, não naquilo que ouve os outros dizerem. Para crer em Deus é necessário passar de uma fé passiva, infantil, herdada, para uma fé mais responsável e pessoal. Esta é a primeira pergunta: creio em Deus ou naqueles que me falam dele?

            Na fé nem tudo é igual. É preciso distinguir o que é essencial e o que é acessório, e, depois de vinte séculos, existe muito de acessório em nosso cristianismo. A fé daquele que confia em Deus está para além das palavras, das discussões teológicas e das normas eclesiásticas. O que define um cristão não é ser virtuoso ou observante, mas o viver confiando num Deus próprio pelo qual a pessoa se sente amada incondicionalmente. Esta pode ser a segunda pergunta: confio em Deus ou fico aprisionado em outras questões secundárias?

            Na fé, o importante não é afirmar que se crê em Deus, mas saber em que Deus se crê. Nada é mais decisivo do que a idéia que cada um se faz de Deus. Se creio num Deus autoritário e justiceiro, acabarei procurando dominar e julgar a todos. Se creio num Deus que é amor e perdão, viverei amando e perdoando. Esta pode ser a pergunta: em que Deus eu creio: num Deus que corresponde as minhas ambições e interesses ou no Deus vivo revelado em Jesus?

            A fé, por outro lado, não é uma espécie de “capital” que recebemos no batismo e no qual podemos dispor  para o resto da vida. A fé é uma atitude viva que nos mantém atentos a Deus, abertos cada dia ao seu mistério de proximidade e amor a cada ser humano.

            Maria é o melhor modelo desta fé vive confiante. É a mulher que sabe ouvir Deus no fundo do seu coração e vive aberta aos seus desígnios de salvação. Sua prima Isabel a elogia com essas palavras memoráveis: “Feliz és tu, que creste!”  Feliz também tu, se aprenderes a crer. É a melhor coisa que te pode acontecer na vida.

                                       José Antonio Pagola

Pesquisar no site

Contato

Santuário Nossa Senhora Consoladora Rua 15 de Maio, 310 - Ibiaçá/RS (54) 3374-1280/1367