DÉCIMO OITAVO CAPÍTULO - A ROMARIA DE IBIAÇÁ CONTADA EM 20 CAPÍTULOS

13/02/2015 09:14

“Romaria, a gente faz porque acredita.” Artigo do coordenador Diocesano de Liturgia, Padre Rene Zanandréa.

O povo romeiro é um povo que tem fé. Fé em quê? Crê que a existência tem sentido. Que há um Deus que assiste a humanidade e, então, esse peregrinar não é solitário. Mas, por não ter algumas respostas e por querer contar essa força Transcendente é que faz liturgia. É com Deus que estabelecemos comunicação através de toda a ação ritual e simbólica.

As Romarias de Ibiaçá são marcadas por uma força que é de difícil explicação e aquilo que não se explica é mistério. Então fica fácil pensar que o mistério salvífico de Jesus Cristo é a grande força experimentada nas celebrações que acontecem no Santuário da Mãe Consoladora. São inúmeras, a cada romaria. E cada uma é única, irrepetível, assim como todas as graças e bênçãos que dali emanam. É o próprio Deus, o grande liturgo, que convida ao celebrar. E no Santuário mariano mostra sua face materna carregada de ternura para com cada um, cada cristão, cada discípulo missionário de seu Filho.

Em meio ás contrariedades da vida o povo romeiro percebe, na fé do ressuscitado, aquele entusiasmo que o encoraja a lutar, a enfrentar as cruzes da vida porque se compreende herdeiro da ressurreição, portanto vitorioso com Aquele que desceu ás profundezas da morte para resgatar a todos e subir glorioso, radiante.

Acreditar é uma atitude de dar crédito. Como não apostar nossa esperança naquele que dá garantias de vida abundante? Como não obedecer á sugestão da Mãe Dele, mãezinha querida do povo que tem fé, de fazer tudo o que Ele disser? Como não fazer-se romeiro, “vindo de perto ou de longe” para somar-se a milhares de outros mais? Onde mais nos daríamos conta de que somos um grande povo, povo de pertença de uma Igreja discípula? De que outro jeito alcançaríamos entusiasmo para a missão de irradiar o Evangelho traduzido em reconciliação, em misericórdia, em fraternidade e solidariedade?

Talvez seja por isso que as liturgias, em Ibiaçá, sejam tão fartas. Uma canção religiosa do Pe Zezinho diz que Romaria, a gente faz porque acredita que vale a pena, poque torna a vida mais bonita. E é isso mesmo. Na liturgia experimentamos o céu, na liturgia encontramos respostas e sentido para a existência.

Quem faz a liturgia, se reúne e celebra a fé comunitariamente, se diferencia por causa de sua espiritualidade cultivada. Até mesmo os moradores de Ibiaçá alimentam-se ao servir a própria liturgia, ao preparar e ensaiar cada ação ritual. Assim, agem os sacramentos: se, de um lado, pressupõem a fé, do outro, também a alimentam. Numa cidade, com população não muito numerosa contam-se mais de uma dezena de equipes litúrgicas. Eis uma pergunta de difícil resposta: é a necessidade de demanda litúrgica que faz surgiram tantos grupos ou os inúmeros grupos surgem por causa de uma espiritualidade cultivada no cotidiano celebrativo?

Mas, também o povo romeiro que visita o Santuário de Nossa Senhora Consoladora ensina com sua ritualidade, com sua liturgia pessoal: caminha recordando que somos um povo que caminha para a eternidade; faz nó na fita “atando” sua vida á vida divina; anda de joelhos porque se inclina ao que é divino e o reverencia; leva uma “lembrança” como memória de alguém que zela; reza pelas pessoas que ama ou lhe presenteia algo de Nossa Senhora; busca a absolvição e a benção que reconcilia, harmoniza e encoraja a caminhar de cabeça erguida.

Por fim cabe dizer que a Romaria é coisa de gente simples, como Jesus e Maria. Não é capaz disso quem não ama e não se sente amado. Não consegue abrir o coração para receber perdão ou oferecer reconciliação o coração que não é generoso.

Romaria é feita de fé e de esperança das criaturas que atendem ao convite do Criador para estreitar os vínculos do afeto e do amor experimentados, de forma visível, na liturgia.

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